Ano de 1930, um povoado no interior da província de Buenos Aires. Conservador, cristão e discriminatório - é um, é todos.
Trinidad, uma adolescente branca, filha do prefeito. Profundamente devota da Virgem da Imaculada Conceição, da Virgem da Stella Maris, de Santa Bárbara e de São Jorge. É chamada por Oxúm, o Orixá da água doce, a Deusa Yorubá da Sensualidade, da Feminilidade, à qual os negros rendiam culto através da imagem de Imaculada Conceição, para não serem perseguidos por suas crenças pagãs.
Após passar pela descoberta de sua ancestralidade, de ser apresentada à Sociedade, e viver uma noite de Carnaval, lhe é revelado que todo o universo em que foi criada não é mais que um muro de aparências.
Uma gota de água, o lago, o rio. Uma gota de água, todas as águas, a água.
Uma gota de água caindo sobre o corpo de una menina, quase mulher, pode despertar as forças ocultas que habitam dentro de seu Ser.
Trinidad escuta, sente, nega. Trinidad pressente, mas não conhece.
Trinidad escuta novamente, pressente e decide avançar.
A gota de água se funde em sua pele, a acaricia, a embebe.
Em cada uma das gotas reside Oxúm, a Orixá da água doce.
Mas Trinidad ainda não o sabe, mas o sente, escuta os sons dos tambores que a chamam, a estremecem. Essa noite ela deverá dançar a valsa da nova Senhorita da Sociedade. Futura senhora de... futura mãe de....
Se Eva condenou a mulher, Virgem Maria a redimiu.
Esta noite Trinidad saíra, das mãos dos ritmos negados, excluídos, dos ritmos negros, a encontrar-se com essa mulher que é Eva, que é Maria, que é Madalena, que é Trinidad.
Textos e Dramaturgia: Natalia Marcet
Música original: Juan Sardi
Tema: “Somos hoy”, de Osvaldo Avena, Hector Negro
Atriz: Julieta Zarza
Direção e “puesta en escena”: Natalia Marcel e Julieta Zarza
Direção de atriz: Natalia Marcet
Cenografia e figurinos: Julieta Zarza
Assistente Técnica: María Luisa Méndez Casariego
Assessoria Musical: Eduardo Avena, Claudia Romero, Juan Sardi